quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Poder e Violência

Para a filósofa alemã Hannah Arendt (nascida em Linden em 1906 e falecida em Nova Iorque em 1975), poder e violência não são a mesma coisa. Para a filósofa, por detrás da confusão entre poder e violência está o tema político mais crucial que é saber quem manda e quem obedece. Para Arendt, o problema da relação entre poder e violência está em que as duas palavras foram igualadas à dominação e submissão. Esta identidade possibilitou que a violência passasse a ser admitida como uma forma de solucionar os problemas de convivência entre pessoas diferentes (como são todas as pessoas) chegando aos nossos dias a um grau extremamente perigoso, ao se transformar em um fim em si mesma, em algo banal e aceitável como único instrumento para a superação dos mais variados obstáculos e dificuldades do nosso dia-a-dia. É o pai que espanca a mãe e o filho, o filho que espanca o cachorro, o policial que bate no jovem, o jovem que bate na prostituta e queima o índio e outro que arrasta crianças penduradas pela porta do carro e o máximo de lamentação que se ouve é que é assim mesmo. Pois bem, para a filósofa não é nada disso. A violência diferencia-se do poder pelo seu caráter instrumental. É um meio que se justifica para alcançar um objetivo a ser atingido. Violência é o oposto do poder: “onde um domina absolutamente, o outro está ausente” (ARENDT, 1994, p.44). Por isso a forma extrema de violência é o um contra todos. A violência não gera, mas sim, destrói o poder. Poder implica, necessariamente, participação permanente, capacidade de agir em conjunto. Para Arendt: “Poder corresponde à atividade humana não apenas para agir, mas para agir em concerto”. O poder nunca é propriedade de um indivíduo: pertence a um grupo e permanece em existência, apenas na medida em que o grupo conserva-se unido. Quando dizemos que “alguém está no poder, na realidade estamos nos referindo ao fato que ele foi empossado por certo número de pessoas para agir em seu nome” (ARENDT, 1994 p.33). De fato, para Arendt, a convivência entre os homens é o fator principal para a geração de poder.

Ouçam a música toda forma de poder (dos Engenheiros do Havaii)

http://www.youtube.com/watch?v=r58Zd7FVNq4

Francisco Xarão